segunda-feira, 18 de abril de 2011

Anjo da Vida

Parece-me que foi ontem, mas já faz quatro anos, numa quarta-feira.
Dor, correria, susto e um grande medo ocupavam o dia 18 de abril.
Para alguns até poderia ser nada, mas eu estava mudando. Eu estava mudado. Eu mudei.
De repente, um telefonema mudou a minha rotina.
Rapidamente, prontamente e velozmente, cheguei ao meu destino.
Apenas 15 minutos de um ponto a outro de São Paulo. Normalmente, esse percurso é feito em 40 minutos.
Não parava de suar frio. O medo e despreparo tomavam conta de minhas veias, sangue e corpo. Minha mente não mais estava pronta para pensar em algo com começo, meio e fim.
Telefonei para meus familiares e mal conseguia falar. Estava ofegante e meus pensamentos, realmente não se encontravam.
Passados 20 minutos, me chamaram. Meu coração não estava se aguentando e parecia que iria saltar do meu peito.
Os médicos pediram para que eu me trocasse e colocasse a roupa cirúrgica e fosse diretamente para a sala 31, que era no final do corredor.
Pela tensão, entrei em sala errada, pedi desculpas e saí. Mais que rápido, dirigi-me a sala ao final do corredor.
Oh meu Deus. Entrei na sala. Ao olhar para a maca, o anestesista já a tinha drogado e o médico já tinha cortado o corpo da minha esposa.
Pensei e rezei para que tudo desse certo. Foram alguns minutos de pura adrenalina, tensão, pressão alta, desespero e MEDO.
Eu não conseguia ficar parado dentro daquela sala de cirurgia. Eu ficava sentado no banco, levantava, falava e incrivelmente até contava piadas e sempre, acariciando os cabelos e rosto da minha esposa.
Os médicos riam a ponto de falar que não aguentavam mais rir, e, diziam que nunca tinha visto alguém tão nervoso que brincava dentro de uma sala de cirurgia com piadas de Deus, religião, sacanagem e excessivo humor negro.
De repente, as 15h31, o médico cirurgião, olhando para o meu rosto, e, chorando ele pergunta: “Menino ou Menina?” Disse prontamente: “Menina”. O médico ri novamente e diz: “Parabéns Papai, é um lindo menino! Que Deus abençoe sempre essa linda família!”.
Saí de lá aliviado, rindo e chorando. Nem me lembro de quantos lábios de auxiliares, técnicas e enfermeiras eu beijei naquele corredor. Mas está valendo. Meu primeiro filho. O meu anjo havia nascido e minha esposa estava bem.
Quatro dias se passaram com a minha esposa no hospital. Mais seis dias se passaram com o meu anjo internado na UTI. Saía do trabalho e corria para o hospital. Saía do Hospital e ia para casa, infelizmente, sem o meu filho.
Um dia, ao atender um telefonema na empresa em que trabalhava, recebia notícia: “Meu amor, vou buscá-lo no hospital. Ele está bem e teve alta!”.
Passamos por muitas coisas juntos. Boas e Ruins. Agradáveis e bem desagradáveis. Mas estamos sempre lá. Eu, minha esposa e nosso anjo.
Todos os dias ao sair para trabalhar, beijo o nosso filho e sempre digo:” Te amo meu filho, e que o dia de hoje seja tão bom quanto o de ontem. Que Deus nos abençoe em todos os passos e pensamentos que dermos no dia de hoje. Que sempre seja esse filho maravilhoso que é, e logo mais estou em casa para te abraçar e te dizer novamente que te amo!”“.
Essa é parte da minha história. Hoje, ele faz quatro anos. No momento não estou ao seu lado, mas quero muito que esse dia VOE e que logo mais possa estar em casa com a minha família para lhe abraçar e beijar.
Te Amo filho. Sei que hoje você não pode ler isso, mas um dia, com certeza.
De seu Pai que jamais vai lhe deixar de lado.

Criado por Rafael Bueno

Um comentário:

Stef disse...

Amor...com certeza esse foi um dia marcante em nossa vida...e depois desse dia, posso afirmar que crescemos...e estamos crescendo junto com ele...cada dia uma descoberta, um novo aprendizado, uma nova descoberta...
Peço de coração que esse dia se repita por muitos e muitos anos...

Bjos